quinta-feira, 9 de junho de 2011

Deixa-me ir e larga-me a mão. Porque as coisas não nasceram para ser todas iguais. Porque os sons e as imagens misturam-se com a realidade. E o meu descernimento perdeu-se pelo meio das tuas mentiras e jogadas. Prefiro a tua simplicidade natural do que a tua apatia hipócrita.
Quando saímos naquela tarde nocturna já a Lua tinha desenhado o seu lugar no céu. As horas pareciam não fazer sentido, mas eu via beleza em todo o lado. A beleza do comum. Não estarei sozinha nunca mais, mesmo que não consigas ver a pureza do meu sistema. Inventei uma história  para nunca mais me fugires. Não ouvi tua voz toda a tarde. Sentia as tuas mãos e o teu medo.
Quando saímos naquela noite nunca imaginei que fosse a ultima.
(...)
Sentia a erva humida por debaixo dos meus pés descalços. Tu corrias à frente sem que eu te conseguisse alcançar. O teu cabelo brilhava ao sabor das cores outunais e não mais eu pensava em recessão e na estupida da crise. Conseguia ouvir a bicharada a cantar a tua musica. Tu dizias me que um dia haverias de compor um album com sons naturais. Gravado debaixo de um platano. Por entre a chuva. Sentia agora a lama a entranhar-se nos meus dedos. Liberdade de espirito. Nao sentia a minha alma, nem o teu medo. A medida que a musica fugia da minha cabeça, tu ficavas ainda mais longe, rodopiavas e sorrias para mim. O teu vestido rodava e estava todo sujo... O teu sorriso era confuso e acanhado. Colocavas a mão a frente da boca e olhavas para o céu... Olhei tambem o céu!
Desapareceras. Não te vi mais. Mas ouvia o teu riso. Mas vinha de todos os lados. Acelerei o passo... Ja nao mais te encontrava e o som da tua voz vinha de todas as arvores. Todas as gotas alojadas nas folhas amareladas. Ajoelhei-me chão. Senti as minhas rotulas serem engolidas por uma camada leve de lama. Sentia o frio da lama. Nada era real. Nem o Outono nem o teu sorriso. Nem o teu vestino nem a côr do teu cabelo dourado. Mas a tua imagem era real... Só não sei de onde vieste nem para onde foste.... 

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