terça-feira, 5 de julho de 2011

Horrible things i've done... I dont care with the words... Quando vejo o teu comportamento, nao preciso mais de pensar. Observei-te enquanto entravas no metro. Subtil. Discreta e nada observadora. Ias comendo os teus pensamentos matinais, eu nao tinha mais nada o que fazer. Estava apenas aborrecida. E escolhi te observar. Estupidamente. Continuei a observar te, desajeitadamente retocas te a maquilhagem ali mesmo. No metro. Sentada entre um mulcumano e um caucasiano. Nenhum dos dois olhava para ti. Enquanto de uma forma sexy puxavas as tuas pestanas, com aquele pequenino instrumento. Mesmo que a cabine oscilasse bastante. Tinhas a mao firme. Envolveste no cachecol e sais em Holborn. Vi-te sair com a maior tentação de sempre em seguir alguem. Nao que nunca o tivesse feito. Já o fiz por desdém. Nao com esta vontade pura. E perdi-te com o avançar rapido da carruagem. Parecias cansada. Tinhas um rosto de traços simples, e sem dar muito por isso, peguei no meu bloco e fui desenhando. E quando acabei tinha na minha folha, uma jovem enraivecida. Sedenta de sangue e justiça. Fiquei parada a olhar para o desenho. Não quero acreditar que o meu inconsciente desejava assim tanto aquela monstruosidade. Cheia de sangue. Um espada e uns olhos rasgados, tipicamente asiáticos mas grandes e esbugalhados, coisa dos japoneses e os seus animes. Aquela animes cobertos de realidades paralelas e argumentos unicos. Lá estavas tu. Triste e enraivecida, com um sabre na mao. A mensagem era explicita. Ninguem se aproximará de ti.

Segui para as aulas com a certeza que se te visse outra vez nao te reconheceria. Shame on that. Oiço a aula passar enquanto desenhava casas abstractas. Casas com setas para o chão. Com estradas paralelas que não levam a lado algum. As casas tinham setas. Setas a servirem de decoração. Apontando para o chão. Indicando o caminho certo, não tenho que desejar assim tanto o céu, se na realidade está tudo debaixo dos meus pés. Perto. Queimando-me. A aula acaba e de pensamento vazio sigo para casa. Observo tudo novamente, porque cada rosto, ou sapato... Ruas e edificios goticos, turistas perdidos que sempre dava um jeito quando me pediam indicações, os numeros dos autocarros, e as publicidades excentricas que cativavam de certa forma toda a minha atenção. Miudas. Miudos. Velhos. Gordos. Gays. Casais. Solitàrios e excentricos egoistas. Todos eles passavam pela mesma passadeira que eu assim que o sinal ficava verde. Aos empurroes. Nao usava guarda chuva. Com tanto cruzamento humano, teria que ter mesmo muito azar em me molhar até à espinha. Mesmo que pouco me molhasse, o calor artificial do metro aniquilaria tudo. No momento.
Naquela noite o meu metro não parou em casa. Assim que puxei o caderno da mochila, a minha vontade de fugir precipitou se. Desapareci em Camden Town. Fiquei ali. Sentada. De gorro enfiado até ao cachecol evitando o frio até ao casaco. Casaco por cima da camisola. Pés gelados e mão quente.
Passas à minha frente. Sozinha. Deambulando sem destino. Pois teu olhar não se prendia em nada, e os teus passos eram inseguros e sem direcção. Olhaste me. Seguis te.. E olhas me novamente. Estou ali. Estarrecida e embebecida com a coincidencia. Aparvalhadamente estagnada a olhar para ti. Reconheci te. A miuda do metro. Paras. Olhas em frente, e retendo um pouco o ar, expiras longamente... Como se não tivesses nada mais o que fazer. Estavas perdida. Sem beira. Puxas um cigarro e vens na minha dircção. O meu làpis perde o sentido, o fecho o caderno sem largar o teu olhar um segundo que seja. Sentas te na minha pequena mesa. Naquele pub giro. Castanho e cheio de boa onda e rock britanico. Servem te uma cerveja.
"Rude de minha parte?!" dizes isso com aquele sorriso manhoso, de quem sabe a resposta. Que sorriso aquele, rasgado, fazes aquelas toquinhas no canto de cada bochecha. Eu nao digo nada. Sorrio embebecidamente. Ficas mais insegura. Precisava de te ver assim. Insegura. O teu rosto mudou prontamente de feição. Li o teu medo, e disse rápido. "Marta..."