segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

"A expressão da Japonesa! O rui fita-me sempre sem perceber nada, tambem não precisa. E guarda as suas perguntas. Estamos sempre carregados de dúvidas, é uma realidade, mas enquanto houver amigos e palavras para se gastar, os momentos bons existem à mesma, e não me preocupo com nada. A não ser com aquela expressão japonêsa. Os meus pensamentos perdem-se com o ondular do cabelo ao vento uma vez mais. Como se estivesse com a câmara outra vez entre mãos. As mãos que tremiam enquanto eu fitava aquela expressão ténue. Quase inexistente. O Rui depressa estalava os dedos e continuava a conversa. A presença dele aqui comigo traz-me mais calor do que o fogo ateado na lareira há dois dias. Mas quando ele vai embora, ainda me sinto melhor. Pois a sua cúmplicidade traz-me sossego à alma."
"Ele continua com aquele ar abatido. Mal tocou no whisky. Ainda usa frases vazias de conteúdo com os olhos penetrados nos objectos mais distantes. Mas mesmo assim não sei como este gajo consegue. Barba enorme e cara toda desconcertada não lhe retira charme nenhum. O cabelo todo atrapalhado e as suas camisas dobro do tamanho por engomar, demonstra o seu estilo inconfudivel. Bolas. Mesmo arruinado consegue ter o seu ego intocável. Sei não, se estivesse no lugar dele. Admiro-te pois. A ti e aos teus gostos excêntricos. Estar aqui significa perder a noção total dos minutos. E mais importante ainda... Perder a noção total da realidade!"