terça-feira, 17 de maio de 2011

Os minutos...
Dois minutos...

Hey. Como me dói a cabeça de tanta entulhice! A velha dos olhos verdes. O colchão estava poisado no chão. E havia gatos por todo o lado a olhar para mim. Era um intruso. Motivo de curiosidade. Parecia que estava em Portugal outra vez. Portugal. Portugal é a minha casa, no entanto...

- O menino está melhor? Trouxe alguma coisa para o menino comer. Não tenho cama para hospedes sabe. Desde que esteve tanto tempo fora, acabei por vender parte da mobilia. Ninguem parece querer viver com uma velha.
Eu morava ali. Não consegui dizer palavra alguma. Estava atónico. Afónico. Daltónico até. Porque era tudo muito negro e cinzento. Daltónico. Parvónico.

- Minha Senhora. Lamento, mas deve estar com algum problema de memória... Chamou-me Pedro, e eu estive tempo fora... Não entendo.
- O menino Pedro certamente que andou metido em grandes sarilhos. Esteve fora 4 anos... Ouvi rumores que tinha voltado. Mas nunca o imaginei encontrar naquele estado.
Olhei o meu corpo, duia-me tudo. Estava cheio de nódoas negras. Levantei a calça muito lentamente na zona do joelho. Até tinha medo do que ia ver. A dor latejante vinha dali. Uma enorme cicatriz. Parecia recente! Começou a doer-me terrivelmente a cabeça... Deitei. Olhei a minha mão e ela tremia. Tremia. Que raio. A velha pousou o chá e saiu sem dizer uma palavra. Parecia que levava um pouco de tristeza consigo. Daquela tristeza genuína. Que dói... Sem mais, tomei a pastilha. E foi como se tivesse desmaiado.

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