terça-feira, 12 de abril de 2011

Abalroado!!!

Fico sempre a olhar as pessoas. Observando suas mesquinhices que se perdem com o tempo. Os olhares trocam-se como relâmpagos. E vejo engates, traições, amores, paixões, casualidades e desespero da solidão. Fico sempre a observar os comportamentos destas pessoas. As que preferem descafeinado ao café. Das que preferem silêncio ao desconforto das conversas de casualidade. Das que preferem pensar do que falar. Ou ainda uns outros, que passam horas a argumentarem uns por cima dos outros que nem uma tourada sempre a enganar o touro. As suas mesquinhices. Uns preferem álcool cor de laranja outros cor de rosa. A música tem o mesmo bit durante horas a fio. As mulheres são lindas e parecem mascaradas. Atoladas de pinturas e mais não sei quê. Os homens mais simples mas mais pudicos nas ideias.
Fico sempre de cotovelos no balcão a imaginar quem poderia me fazer companhia. Ninguém. Ou alguém como eu. Ou seja. Ninguém. Olho o meu copo de Whisky e ainda está meio cheio. A cor dourada dele desperta-me a vontade de lhe roubar mais um trago, e ficar ali, especado, a observar aqueles vultos. Cheios de nada. O pub até que é agradável, fico no centro de Chinatown e tem uma árvore no meio. Tem dois pisos e um terraço onde a malta vai fumar. E uma larga arvore a perfurar todo o pub! E as pessoas lá vão ziguezagueando por entre mesas, a arvore, corpos e copos…

Vou-me embora. Ou vou para o quarto. Já não sei onde fica “embora”. Mãos nos bolsos, e a chuva e o frio curam-me dos efeitos tardios do álcool. E o teu rosto já está na minha cabeça outra vez. Começas subtilmente a aparecer que nem um fantasma assombrando os meus medos. O teu rosto pálido a olhar o chão. Apareces-me ensanguentada. De vestido branco e a flutuar no Thames. O Rui por esta altura já deve estar em casa. Com aquilo. E surges novamente como um flash. Como o primeiro flash que disparei na tua direcção. Não te consigo fugir. Os meus pensamentos são imagens. Momentos. Mesquinho que sou. Cobarde por não imaginar sequer o que te levou a ir sozinha a Camden Town. Quem foste ver. Porque não sabia eu. O teu rosto olha para mim com um certo sorriso. E no segundo seguinte sou abalroado por um carro. Uma enorme pancada nas pernas sinto o meu corpo a voar…e…

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